Revolução Russa de 1905

Ao final do século XIX, a Rússia era um país atrasado, agrário e praticamente feudal.

Vivia sob o czarismo, monarquia absolutista em que o soberano era o czar.

O contexto social em que vivia o país era turbulento, pois a maioria da população era pobre, explorada pelos grandes proprietários de terras.

O czar Alexandre II (1855-1881), então, começou a introduzir uma série de reformas no país, visando torná-lo industrializado. Aboliu a servidão, criou indústrias e melhorou sensivelmente os transportes ferroviários. No entanto, as medidas contribuíram para agravar ainda mais o quadro social. As províncias (em especial a Polônia) rebelaram-se e as minorias étnicas que viviam em território russo passaram a ser perseguidas.

Alexandre II tornou-se impopular e foi assassinado. A essa altura, os movimentos revolucionários já eram bastante organizados e um deles foi responsável pelo atentado: os niilistas. Liderados por Tchernychevsky, pregavam que apenas ações violentas contra políticos do alto escalão, como o assassinato de Alexandre II, seriam efetivas para a criação do novo governo.

Também existiam, porém, os anarquistas e os marxistas. Os primeiros eram liderados por Bakunin e pregavam a total destruição da sociedade burguesa, tendo protagonizado alguns atentados entre 1900 e 1905. Os segundos pregavam que a luta de classes deveria destruir a sociedade e, após ela, viria a ditatura do proletariado.

Formavam o Partido Social-Democrata, dividido entre os mencheviques (fiéis aos princípios marxistas) e os bolcheviques (que ansiavam acelerar o processo revolucionário com a propaganda e as greves operárias). Alexandre III (1881-1894), em vista do assassinato de seu antecessor, tomou medidas drásticas para conter os revolucionários, inaugurando um período de repressão.

Com maestria, inteligência e contínuo uso da força, contornou as revoltas, as crises no campo e acelerou a industrialização. Contudo, era claro que o regime czarista passava por uma crise e, quando Nicolau II (1894-1917) assumiu, os eventos se precipitaram. O novo czar tentou seguir os passos autoritários de Alexandre III, mas era um governante medíocre e estúpido.

Sua esposa, de origem alemã e bastante impopular, exercia enorme influência sobre ele e contribuiu para deflagrar o processo de desgaste da côrte. No entanto, enquanto o czarismo desarticulava-se, a oposição fortificava-se. Cada vez mais fortes, os movimentos revolucionários, ainda que levassem a cabo disputas entre si, organizavam-se e tornavam iminentes ações duradouras.

Na tentativa de frear esse processo, o ministro Plehve lançou-se à expansão territorial para calar a opinião pública e chegou a ocupar o porto Arthur. Região também cobiçada pelo Japão, foi o motivo da guerra entre os dois países. A guerra, porém, era impopular e tornou-se ainda mais odiável para os russos quando os exércitos nacionais sofreram as primeiras derrotas.

Em 1904, Plehve foi assassinado e a população cobrou reformas. O czar nada fez, fato que enfureceu as oposições. Revoltas e manifestações explodiram em todas as grandes cidades da Rússia. O auge foi o Domingo Vermelho (22 de janeiro de 1905), manifestação promovida pela Igreja Ortodoxa Russa em que mais de 900 manifestantes foram assassinados.

Tamanhos distúrbios forçaram o czar a tomar uma atitude. Criou-se uma nova constituição, mas o clima tenso permaneceu. Os marinheiros do encouraçado Potenkim, ancorado no Mar Negro, revoltaram-se; os mencheviques e bolcheviques formaram os sovietes e promoveram inúmeras greves. Nicolau II, então, editou o Manifesto de Outubro, que prometia maiores liberdades.

Apesar das poucas mudanças práticas, o manifesto arrefeceu os ânimos e, aos poucos, a ordem foi retomada. Contudo, as sementes para uma revolução mais ampla haviam sido plantadas.