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Sociedade do Medo



Sociedade do Medo



Vivemos em uma "Sociedade do Medo", não aquele medo de assalto, de estupro, das drogas, do crime organizado, da censura, da corrupção ou de toda sorte de insegurança e violência, estes são subprodutos dela, refiro-me ao medo do homem e do futuro; aquele medo que temos de nosso vizinho, do nosso professor, do padre, do vereador, ao medo do desemprego, do prejuízo, o medo que nossas mães têm de nos relacionarmos com pessoas estranhas.

Parece haver um contra-senso nesta "verdade" de que sempre os filhos dos outros é que não prestam, pois se todas as mães pensam a mesma coisa, qual delas esta errada? A minha ou a sua? Na verdade quem determina a polaridade desta resposta é a "Sociedade do Medo", que no fundo no fundo são os filhos de todas elas.

Nas vezes que se tenta argumentar contra esta pseudo-verdade esbarra-se em muralhas seculares que nas demais espécies de animais chama-se de "instinto de preservação", mas que no homem deve por obrigação das conquistas a princípio da evolução e em seguida do progresso, isso mesmo, a raça humana é a única cujos avanços podem ser definidos em uma dubiedade de sentidos: um pela evolução e outro pelo progresso, palavras que em determinadas acepções podem vir a ter o mesmo significado, mas aqui distintos por ser o primeiro biológico e o segundo o efeito deste.

Agora imagine só, se o amor de mãe, sendo considerado como o "maior amor do mundo" e que todas as mães obtendo-o pela geração do filho em uma de suas formas de expressão: o de "defesa da prole" pensam assim; imagine o que não acontece na cabeça do empresário, por exemplo: em seu negócio; há um medo de que haja prejuízo e por isso os juros são altos, os salários são baixos e também o tratamento que dão aos funcionários é extremamente desumano; com receio de que seu comércio se extinga pela inanição de lucros ele quer sempre lucrar mais, pois não tem ou não quer ter ou não o deixam ter certeza se no próximo natal será tal lucrativo quanto este, na dúvida é melhor auferir os maiores lucros imediatamente, que importa o resto, a concorrência também faz assim, e o governo também os trata assim, e a globalização exige que sejam assim.

Os partidos políticos dos Estados Democráticos, na prática da "política de alianças" que é a essência do exercício da vontade do povo, também agem assim; o medo de não estar no poder no próximo mandato o faz agir de forma também dúbia: quando esta exercendo o poder e quando o pretende. Quando eleitos as políticas públicas são exercidas de forma a haver uma continuidade de administração pelos mesmos, porém, quando não, acreditam e fazem acreditar que a prática em vigor, seja lá qual for, não é a melhor para o povo que não os elegeram para os cargos que almejam. Resumindo, quando no poder se comportam como sendo os filhos protegidos das mães (o povo que o elegeu), enquanto que quando fora dele agem como se aqueles que estão lá são os filhos das outras mães (o povo que não o elegeu) que estão pelo mundo pervertendo os bons filhos da "Sociedade do Medo". A diferença para os Estados Totalitários é que nestes a política pública é feita na forma de quem esta continuamente como se estivesse prestes a perder o poder.

Esta hipocrisia gerou e mantém a "Sociedade do Medo", esta instituição é financiada pelo capital (capitalismo) e pelos mercados (atual processo de globalização). Com isso mantêm os Estados separados por inverdades e incertezas.

São eles e não os governos que administram o mundo. E o povo não elege, nem aceita ou é obrigado a aceitar seus governantes apenas é escolhido pela "Sociedade do Medo" como palco de sua atuação. Ela em sua força de atuação necessita para sobreviver que haja o medo para que exista a desigualdade para que advenha a competitividade e uma explicação "legal" e "incontestável" de "organização" social. Nós não passamos de tentáculos do monstro que criamos e por assim dizer somos "membros" dela; estes participantes são divididos em dois grupos: dirigentes (os filhos que as mães acreditam que saem para se expor) e os dirigidos (os filhos que as mães acreditam que expõem).


Não há dois povos, nem as mães que amam seus filhos desejam o pior para os filhos das outras, o que há é uma subdivisão da "Sociedade do Medo" que filtra as informações que são lidas pelos filhos, e agem de duas formas: na informação (marketing) no informado (políticas públicas de educação). Passam uma informação como certa e definitiva quando na realidade é um dos dados que compõem uma informação maior, mais importante ou mais duradoura; em outras situações a informação é vista pelo povo de forma distorcida, pois este não tem as "ferramentas" necessárias para dela para entender a origem dos dados e o destino das intenções.

É neste contexto que construímos todos os nossos conceitos de verdade, beleza, sentido para a vida, comportamento e compartilhamento dentro do Planeta.

É desta pintura que abstraímos os ensinamentos que passamos para nossos filhos e que acreditamos e defendemos. Estamos realmente no caminho certo? A humanidade vai se conformar com o capitalismo apenas? É isso que queremos? De onde estamos tirando as conclusões que alicerçam as respostas que damos a estas conclusões? Nos telejornais? Nas Novelas? Nas Propagandas Políticas?

As mães querem o melhor para seus filhos.

E os filhos da "Sociedade do Medo" o que querem?

Cuidado com a sua resposta, pois ela pode estar filtrada!

Observação Confidencial:

Este texto faz parte da lista de textos proibidos da "Sociedade do Medo" caso você seja pego lendo-o será condenado por estar atentando contra a estabilidade social, além de passar a ter os seus endereços de correspondência eletrônica rastreado pelo Serviço de Inteligência da SM. Por isso aconselhamos que não o leiam, caso já o tenha lido desconsidere-o e retorne à sua vida "normal".

Ubiratan Rocha da Silva
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