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John Stuart Mill (1806-1873)

Filósofo e economista inglês, considerado o maior representante da doutrina utilitarista. Nasceu em Londres, filho de James Mill, filósofo, colaborador e seguidor das teorias de Bentham. Recebeu toda sua educação do pai, sem haver freqüentado nenhuma escola. Esta educação constou dos estudos de grego, latim, história e matemática.

Aos catorze anos, John Stuart viajou para a França, para a residência de sir Samuel Bentham, irmão do filósofo. Ali, estudou química e biologia, além de prosseguir com seus estudos matemáticos. Em 1821, retornando à Inglaterra, travou contato com a filosofia de Bentham, aderindo, então, aos pressupostos do utilitarismo.

Aos vinte anos, uma crise emocional fez com que pusesse em cheque sua rígida educação, e lhe permitiu absorver outras modalidades de pensamento, especialmente a poesia de Wordsworth e as doutrinas de Auguste Comte (1798-1857) e de Saint-Simon (1760 -1825). Aos vinte e quatro anos, apaixonou-se por Harriet Taylor, uma mulher casada, com quem contrairia matrimônio somente vinte anos depois.

A partir desta relação, Mill passou a elaborar, de forma contundente, uma crítica aos valores sociais vigentes. Reformulando as bases de seu utilitarismo, escreveu artigos para vários jornais da época, tornando-se, em 1835, editor do London Review. Em 1856, Mill assumiu a direção da Companhia das Índias Orientais, cargo em que permaneceu por dois anos, até a extinção da Companhia.

Com a morte de sua esposa, ocorrida também em 1858, voltou-se para a publicação de seus livros. Em 1860, retirou-se para Avignon, continuando com uma intensa atividade filosófica, até sua morte, ocorrida nesta localidade.

Algumas de suas principais obras: Ensaios sobre algumas questões duvidosas da economia política, Sistema de lógica dedutiva e indutiva, Sobre a liberdade, Idéias sobre reforma parlamentar, Utilitarismo, Auguste Comte (1798-1857) e o positivismo, A submissão das mulheres.

A filosofia de Stuart Mill funda-se na tradição empirista, principal vertente do pensamento inglês na Modernidade. Assim, para este filósofo, a experiência constitui a base dos processos mentais, sendo a partir delas que se instauram as representações, estas formam, por seu turno, associações e, destas últimas, procedem as idéias.

Deste modo, toda ciência rigorosa deve voltar-se para a experiência, já que toda idéia e conhecimento se encontra circunscrita, em última instância, aos seus limites. Tal estudo com base na experiência vale tanto para a lógica e as ciências matemáticas quanto para as ciências humanas.

No campo da lógica, o pensamento de Mill contribui com uma radicalização do estudo do papel da indução. Segundo este filósofo, todo conhecimento é formado a partir do acúmulo de impressões, as quais são, necessariamente, de ordem particular. Assim, mesmo o pensamento dedutivo expresso em sua forma clássica, o silogismo, possui, nesta concepção, um fundamento indutivo.

No célebre exemplo todos os homens são mortais; Sócrates (470/69-399 a.C.) é homem; logo, Sócrates (470/69-399 a.C.) é mortal, a premissa geral somente pode ser formada a partir do contato com a mortalidade a partir de indivíduos singulares. Logo, esta premissa constitui uma generalização de impressões da ordem do particular.

Para Mill, somente através da indução o conhecimento pode realizar descobertas, de modo a sair da mera constatação para alcançar um progresso efetivo.

Segundo Mill, a indução reside igualmente no fundamento nas ciências humanas. Contudo, a dificuldade no estabelecimento de regras válidas para estas últimas reside na maior complexidade dos fenômenos humanos e morais, onde um maior número de variáveis deve ser considerado.

Para este filósofo, em oposição à concepção de Auguste Comte (1798-1857), a psicologia é uma ciência independente que deve fornecer a base para os estudos de ordem humana e moral, uma vez que estuda, precisamente, as associações entre os dados elementares do espírito.

Neste sentido, a psicologia funciona como o fundamento experiencial no qual apóiam-se as demais ciências morais, divididas por Mill em etologia -- ciência que estuda as combinações entre as leis psicológicas e as variações causadas pelo comportamento dos indivíduos --, sociologia, economia política, etologia política, entre outras.

É importante também a contribuição de Mill no campo da ética, com a ampliação da doutrina utilitarista. Embora aceitando como evidente o princípio do utilitarismo de Bentham e James Mill, fundado na maior felicidade do maior número, Stuart Mill introduz uma valoração qualitativa dos prazeres, o que permite o estabelecimento de uma hierarquia, que tem nos prazeres espirituais e no bem coletivo sua maior realização.

Os maiores bens são aqueles que servem à Humanidade como um todo.

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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •