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Auguste Comte (1798-1857)

Filósofo francês, considerado o fundador do positivismo. Nasceu em Montpellier, filho de um fiscal de impostos. Aos dezesseis anos, ingressou na Escola Politécnica, recebendo influência do pensamento científico de Carnot, Lagrange e Laplace. Em 1816, a Escola Politécnica foi temporariamente fechada, devido a questões políticas.

No ano seguinte, Comte tornou-se secretário do filósofo Sain-Simon, de cujo pensamento social e político recebeu profunda influência. Em 1824, discordâncias teóricas provocaram a separação destes dois pensadores. Neste mesmo ano, casou-se com Caroline Massin e passou a ministrar aulas particulares de matemática.

Dois anos depois, Comte iniciou em sua própria casa um curso, onde pretendia abordar as idéias centrais de sua filosofia. Contudo, uma crise mental seguida de profunda depressão, sofrida pelo filósofo, impediu-o de levar adiante seu projeto. Em 1832, Comte retornou à Escola Politécnica, na função de repetidor de análise matemática e de mecânica.

Apesar de várias tentativas, jamais conseguiu ocupar uma cátedra nesta escola. Em 1842, Comte separou-se de sua esposa. Dois anos depois, perdeu seu cargo, passando a depender de amigos e admiradores. Em 1844, conheceu Clotilde de Vaux, por quem se apaixonou. Esta relação influenciou seu pensamento a ponto de criar uma nova religião, a religião da humanidade.

Algumas de suas principais obras: Plano de trabalhos científicos necessários à reorganização da sociedade, Curso de filosofia positiva, Sistema de política positiva, Catecismo positivista.

O objetivo do pensamento de Comte é promover uma reforma de toda a sociedade. Para isso, segundo a concepção comtiana, é preciso proceder, em primeiro lugar, a uma reforma do saber e do próprio método de apreensão da realidade. Deste modo, Comte desenvolve uma filosofia da história, que procura explicar o processo de desenvolvimento da humanidade e apontar o conhecimento positivo como o ápice deste processo.

Segundo esta filosofia, a humanidade como um todo, bem como cada indivíduo tomado separadamente, passam, em seu desenvolvimento, por três fases fundamentais: a teológica, a metafísica e a positiva. Na primeira fase, a imaginação predomina sobre a observação; assim, os fenômenos são explicados por meio de seres sobrenaturais, potências divinas ou demoníacas.

A este pensamento corresponde uma organização social fundada na monarquia, esta respaldada por um poder teocrático. Segundo a concepção positivista, cada fase representa a destruição dos valores da fase precedente, figurando, assim, como sua negação. À fase teológica, assim, segue-se a metafísica, que interpreta os fenômenos não como divindades, mas sim como forças.

Este pensamento termina por unificar todas as forças em uma entidade, à qual denomina Natureza. Sua principal característica é a predominância do abstrato sobre o concreto, uma vez que a imaginação teológica converte-se aqui, em argumentação. Nesta fase, elaboram-se as primeiras leis sociais; no âmbito político, os juristas substituem os reis da fase anterior.

Como terceira e última fase, aparece o estágio positivo, que reconstrói os valores aniquilados pelo pensamento metafísico. O fator determinante neste último período é o predomínio da observação sobre a imaginação teológica e a argumentação abstrata metafísica. Contudo, esta observação visa buscar as leis que enunciam as relações entre os fenômenos.

Este período caracteriza-se pelo desenvolvimento científico-industrial; esta classe detém o poder econômico e político, dirigindo uma sociedade voltada para o progresso, enquanto o poder espiritual passa para a mão dos sábios, responsáveis por inculcar o ideal de fraternidade e a crença em uma elevação da Humanidade como um todo.

Deste modo, este estágio torna possível a fundação de uma religião da Humanidade, idéia propagada por Comte no final de sua vida, que propõe um culto à Humanidade em seu desenvolvimento permanente, ao mesmo tempo que nega a existência de um Deus transcendente ao homem.

Comte estabelece, ainda, uma filosofia das ciências vinculada à sua lei das três fases. Assim, as diversas ciências são agrupadas em uma hierarquia, conforme conduzam em maior ou menor grau à instauração de um pensamento positivo. Na base desta hierarquia se encontra a matemática, uma vez que possuem o menor grau de complexidade, estudando a realidade em sua forma mais indeterminada.

Segundo este autor, a ciência que apresenta maior complexidade e mais afinidade com os ideais positivos é a sociologia, por compreender um estudo simultaneamente do homem e da sociedade.

A filosofia de Augusto Comte influenciou vários pensadores do século XIX. Entre eles, destacam-se Émile Littré, Pierre Lafitte e John Stuart Mill (1806-1873). Além disso, o positivismo, baseado nas principais diretrizes das idéias comtianas, consolidou-se de maneira determinante no Brasil, a partir de teses científicas de brasileiros que haviam estudado na Europa.

Alguns de seus principais representantes: Luís Pereira Barreto, Teixeira Mendes, Miguel Lemos e Benjamin Constant.

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Auguste Comte (França)


Obra:
Augusto Comte - Discurso preliminar sobre o espírito positivo (182K) (pdf)
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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •