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Ludwig Josef Johann Wittgenstein (1889-1951)

Filósofo austríaco, considerado um dos mais importantes pensadores de todos os tempos. Nasceu em Viena, filho de uma família abastada de industriais. Iniciou seus estudos em Linz, em uma escola técnica, devido à sua inclinação pela matemática. Ingressou, posteriormente, na escola Técnica Superior, em Berlim, para estudar engenharia mecânica.

Mudou-se para a Inglaterra em 1908, continuando seus estudos na Universidade de Manchester. Dedicou-se à aeronáutica, projetando um motor a jato e um propulsor. O contato com a obra de Bertrand Russell (1872-1970) levou-o a abandonar esta carreira. Em 1912, passou a estudar lógica no Trinity College, Cambridge, tornando-se aluno de Russell (1872-1970).

Com a Primeira Guerra Mundial, Wittgenstein alistou-se no exército austríaco. Em 1918, foi aprisionado pelo exército italiano. Após o fim da guerra, doou sua fortuna para as irmãs, e passou a trabalhar como professor para crianças, em uma aldeia austríaca. Em 1926, abandonou o ensino, passando a trabalhar como ajudante de jardineiro no mosteiro de Hütteldorf.

Três anos depois, retornou a Cambridge, voltando a suas considerações filosóficas e obtendo o grau de doutor. Em 1936, mudou-se para a Noruega, onde permaneceu por um ano, retornando novamente a Cambridge e assumindo a cátedra que pertencera a Moore (1873-1958). Durante a Segunda Guerra Mundial, Wittgenstein trabalhou em hospitais ingleses, como porteiro e ajudante de laboratório.

Com o final da guerra, retomou sua cátedra, até 1947, passando, então, pela Irlanda e morando, por alguns meses, nos Estados Unidos. Retornando à Inglaterra, descobriu que estava com câncer. Em 1950, foi a Viena, encontrar sua família. Passou o último ano de sua vida em Cambridge, na casa de seu médico.

Algumas de suas principais obras: Tractatus logico-philosophicus; Investigações filosóficas; Anotações sobre as cores; Cadernos azul e marrom; Conferências e discussões sobre estética, psicologia e religião; Sobre a certeza.

A maior parte dos comentadores de Wittgenstein divide sua obra em dois momentos; deste modo, fala-se de um primeiro Wittgenstein, cujo pensamento se encontra expresso no Tractatus, e de um último Wittgenstein, relativo a suas demais obras, todas posteriores a este seu primeiro escrito filosófico.

O Tractatus logico-philosophicus pretende ser a explicação da natureza das proposições, em sua relação com os estados de coisas. Uma proposição é compreendida como uma figuração, um quadro ou pintura da realidade. Assim, existe um paralelismo entre o mundo, como totalidade dos fatos que nele ocorrem, e a estrutura da linguagem.

O mundo, nesta concepção, é composto de fatos atômicos, que correspondem, por sua vez, a uma combinação de coisas, entidades ou objetos. Se as coisas se encontram figuradas por nomes, então uma combinação de nomes perfaz uma proposição atômica. As proposições atômicas representam, isto é, figuram, desta forma, fatos atômicos.

Para Wittgenstein, uma proposição que não figura um fato atômico é carente de significação. Contudo, as proposições pelas quais se descreve a estrutura da linguagem carecem, elas próprias, de significação. Elas são, assim, como uma ação, que visa mostrar a estrutura da linguagem. As proposições pertencentes à lógica e à filosofia constituem tautologias, proposições de valor de verdade absoluto, que nào expressam, contudo, pensamento algum.

A filosofia como um todo é representada como uma escada, que se deve jogar fora uma vez que se alcançou o alto. A filosofia, não sendo um saber, é uma atividade, que consiste em mostrar, ou aclarar as relações travadas pela linguagem. A linguagem descrita por este autor não corresponde à nossa linguagem cotidiana; antes, trata-se de sua estrutura última, de uma linguagem “ideal” ou modelo, que a linguagem comum copia de modo imperfeito.

O chamado último Wittgenstein toma por objeto de consideração não mais a estrutura ideal da linguagem, mas sim seu modo de ser efetivo, suas diversas modalidades de emprego da fala cotidiana. É preciso ver a linguagem em sua pluralidade de manifestações, uma vez que, para o autor das Investigações filosóficas, não há nada oculto sob esta pluralidade, nenhuma essência que deveríamos procurar.

A crença nesta essência não passa de uma superstição, proporcionada pela própria linguagem, e que deve caber à filosofia aclarar. O que se encontra, encarando os modos como a linguagem ordinária se processa, é que a linguagem funciona em uma infinidade de usos. Estes não podem ser englobados por uma forma única, de modo que Wittgenstein designa os vários empregos da linguagem através da expressão jogos de linguagem.

Da mesma forma que não se pode encontrar uma definição única que abarque todas as modalidades de jogos, não se pode articular unitariamente a linguagem e seus jogos; eles podem, apenas, ser aproximados uns dos outros segundo diversas similitudes, denominadas semelhanças de família.

À filosofia cabe a tarefa de ajudar a ver as questões, aclarando-as, de modo a livrá-las dos falsos problemas e superstições postos pelo pensamento, ao não aceitar as limitações provenientes da própria linguagem.

Deste modo, a filosofia é compreendida como uma luta do entendimento contra o enfeitiçamento de nossa linguagem.

O pensamento de Wittgenstein influenciou marcadamente os filósofos do Círculo de Viena.

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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •